Hidrofobia e lipofilia

Eu me lembro quando fui apresentado ao sabonete líquido. Não aqueles de banheiro de restaurante de beira de estrada, com cheiro e resultado de pinho-sol. Estou falando daqueles que tem sementes exóticas e óleo de coco na fórmula e custam, bem, vocês sabem, o mesmo que uma gleba de coqueiros. E que você não usa para lavar as mãos. Eles substituem o sabonete no banho. Sim, há quem prefira gotejar um líquido espesso nas mãos e passar no corpo ao contato acolhedor e escorregadio do sabonete.

Mas o fato é que semana passada, já no banho, percebi que o sabonete havia acabado. No frio polar que fazia, sair do chuveiro e pegar um novo no armário do banheiro não era uma opção. Foi quando avistei dentro do box um frasco de shampoo. Johnson’s, para bebês. Tentei lembrar das aulas de química para descobrir se a hidrofobia e lipofilia do sabão deveriam se aplicar também ao shampoo. Não consegui nada além de pistas inconclusivas. Fiel ao método científico, que sempre me guiou, resolvi testá-lo. Funciona.